Laços de Família

Muito já ouvi falar do impacto que o nascimento de um bebê especial provoca nos pais e em toda a sua família, mobilizando papéis e até mesmo os vínculos já estabelecidos. Mas sempre falamos na família como um todo, ou no máximo nos dedicamos à questão dos pais, o que considero imprescindível! Mas e a respeito dos irmãos, o que sabemos? Muito pouco! O que sentem e o que pensam a respeito desta experiência? Em uma época que se valoriza tanto as diferenças, não paramos para ouvir e olhar para essas pessoas que convivem e irão conviver por toda a sua vida com seus irmãos especiais. A família toda sofre com uma situação nova e desconhecida e todo o esforço e energia dos pais acabam se direcionando para este novo ser. Mas e o irmão? Quais seriam suas angústias e necessidades? Qual seria o seu papel neste novo contexto familiar? Acredito que seja de extrema importância, dar a voz para esses irmãos, a fim de que eles possam se expressar e encontrar um lugar legítimo dentro deste novo contexto familiar. Vamos ouví-los? Você conhece ou é um irmão de uma pessoa com necessidades especiais? Convido vocês a participar e promover este novo debate.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sentimentos Anônimos

Tenho recebido depoimentos de pessoas que preferem não se identificar e nem se expor. Respeito e compreendo essa posição! Mas vou aqui colocar de alguma maneira os sentimentos que elas trazem e de alguma maneira as incomodam. É perfeitamente compreensível o medo e o receio de receber críticas por parte das pessoas. No íntimo todos nós desejamos ser aceitos e queridos por todos, mas ao longo de nossas vidas vamos amadurecendo e percebendo a importância de nos colocarmos e valorizarmos aquilo que somos e sentimos. Nisso está a verdadeira essência da vida, buscarmos aquilo que acreditamos e desejamos ser o melhor para nós. E nessa busca e descoberta os nossos sentimentos são os nossos maiores tesouros, são aquilo que realmente somos e isso não nos torna melhores nem piores que ninguém, nos torna simplesmente quem somos. Somo únicos nas nossas experiências e trajetórias individuais. Ninguém jamais vivenciará o que nós vivenciamos, ninguém jamais sentirá o que nós sentimos, da maneira que sentimos. Podemos encontrar semelhanças, afinidades, mas igual ninguém será. Estou falando sobre tudo isso, para dizer, que não existem sentimentos certos e sentimentos errados, apenas sentimentos. O que fazemos com esses sentimentos é o que mais importa. Se eles nos agridem, se ofendemos o outro, se magoamos, teremos a responsabilidade das consequências de nossas ações; mas para conseguirmos avaliar melhor essas consequências, temos primeiro que ter consciência e admitirmos para nós mesmos os nossos sentimentos, assim conseguiremos lidar melhor com eles. Os sentimentos são expressões legítimas de nossas experiências e relacionamentos com o outro, não temos como fugir disso. Se nos relacionamos intimamente com outras pessoas no nosso cotidiano, é mais do que natural que a variação desses sentimentos seja imensa. Sentiremos amor, ódio, inveja, admiração, ciúmes e nada disso será motivo de vergonha. Não devo me sentir inferior porque identifico um sentimento de raiva daquele meu irmão que recebe todos os privilégios e atenção da minha família e das pessoas que convivem comigo. É possível eu amar e sentir raiva em certas situações da mesma pessoa, principalmente se ela é parte rotineira da minha vida, divide os mesmos espaços e atenções. Admitir e reconhecer esse sentimento é o mesmo que me reconhecer como ser humano e ao outro também, inclusive se ele tiver alguma deficiência! Antes de mais nada ele é meu irmão, aquele que compartilha quase todos os momentos da minha vida e muitas vezes eu tenho que abrir mão de privilégios, de amigos ou situações que possam me causar desconforto. Sim, posso me permitir sentir isso, pois também posso sentir carinho, orgulho e admiração por este mesmo irmão que tantas vezes me ensina e me coloca frente a frente com quem realmente sou!

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